Isso mesmo! Entenderam que existe a necessidade de um técnico, que antes era o roadie, o cara que dirigia a kombi, ou aquele cara amigo da banda, muito gente boa, mas que não conseguiu aprender nenhum instrumento.
Em uma postagem anterior eu falei sobre o fato de algumas bandas novas terem a preocupação de chamar um técnico de som pras suas apresentações. Eu tenho reparado que os músicos tem tido uma maior preocupação com a qualidade do som e a necessidade de um técnico, e acredito que vários fatores colaboraram pra isso. Entre eles acho que o mais significativo é a evolução tecnológica dos equipamentos, criando a necessidade de alguém que esteja sempre apto a operá-los, e a facilidade de aquisição de equipamentos nos dias de hoje.
Mas essa facilidade também tem um lado negativo: a ploriferação de técnicos de som que compram uma mesa e 2 caixas e espalham por ae suas filipetas: PRODUÇÃO DE EVENTOS - SOM E LUZ PROFISSIONAL.
Vale lembrar que equipamento bom não toca sozinho, e é melhor um equipamento simples do que o melhor e mais moderno som do mundo sem ninguem pra operá-lo.
Essa democratização do técnico também criou uma geração de curiosos que passaram a se considerar técnicos porque já sabem o que é volume, grave, médio e agudo!
Ta certo que todo mundo tem que começar de algum lugar, mas saber o que é volume, grave, médio e agudo não capacita a pessoa a ser um técnico de som, apesar de ser um começo. Porque uma hora eles vão se perguntar: "Por que colocaram um botãozinho com a letra Q debaixo do médio?
Uma outra que acho bastante interessante: "Eu sou técnico de som, mas não opero mesas digitais." Então tá né...eu sou motorista profissional mas não dirijo carros com marcha automática. Talvez seja o fato de mesas digitais serem uma tecnologia muito recente, só tem 15 anos, ainda não deu tempo de procurar ao menos saber a respeito.
Uma outra dificuldade das mesas digitais são suas centenas de recursos como gates, compressores, delays, grupos. Tudo coisa nova também. Muito complicado. Vou ficar só no grave médio e agudo porque tá funcionando bem assim.
Uma outra coisa que tenho reparado, principalmente aqui em Petrópolis, que é onde eu vivo, e que vale a pena ser citada, é que enquanto as bandas novas, amadoras fazem questão de ter um técnico e uma postura profissional, alguns "profissionais" dispensam um técnico, porque é mais um pra dividir cachê, e também tem aquele amigo, que tem aquela caminhonete...
Pra encerrar, colocarei algumas frase que ouço muito quando estou trabalhando, divididas em 3 categorias:
1 - Coisas que eu não sei e não quero saber:
- "Onde é o banheiro do camarote VIP?"
- "Quanto é a cerveja?"
- "Toca Rebolation ae DJ!"
- "O cara do piano tem namorada?"
- "Sabe o Juquinha, que é primo do motorista da van do palco 3?"
2 - Coisas que eu sei do que se trata,mas não posso fazer nada a respeito:
- "O cara tocou o solo de guitarra errado!"
- "Esse cara canta muito desafinado, dá um jeito ae!"
- "Aumenta a luz no cantor pra eu tirar uma foto pra colocar no orkut!"
3 - Coisas que eu sei do que se trata e quase sempre da pra fazer algo a respeito:
- "Num ta achando esse baixo muito comprimido não?"
- "Tenta um reverb mais longo nessa música."
- "Abaixa o som porque o vizinho chamou a polícia!"
Vou ficando por aqui, abraço a todos e Saudações Tricolores!
Sobre o autor:
Rodrigo Buzum é um técnico de som narcisista, egoísta e arrogante que gosta de mesas digitais e vez ou outra mexe no botão com a letra Q.