Nunca tive ambições de ser jornalista ou mesmo ter um texto publicado. O fato é que ontem, saindo de um show que operei o som, no savana, na madrugada, me dei conta de algo que eu gostaria de falar a respeito.
Há 8 anos trabalhando como técnico de som, viajando pra todo lado, eu nunca trabalhei com tanta frequencia aqui em Petrópolis, e por um simples motivo: a consciencia profissional de musicos e bandas novas.
Isso mesmo. Não são trabalhos pra empresas, boates, casas noturnas ou músicos experientes e consagrados. Sào trabalhos pra bandas novas, independentes, recém saídas da garagem, gravando seus primeiros trabalhos. Nunca antes havia visto na cidade um comprometimento nesse nível dos artistas com seus shows, seus trabalhos, e olha que to nesse meio há um bom tempo.
E o fato mais engraçado é que alguns desses trabalhos são nos mesmos lugares em que trabalhei antes como técnico do local, e agora trabalho como técnico da banda. E o que muda são principalmente as frases que eu escuto. Se antes eram “faz com o que tem ae!”, “se o DJ toca a banda pode tocar tambem!”, agora ouço desses músicos novos e inexperientes: “o equipamento da casa é suficiente pra fazer o show?” “Precisamos trazer mais o que?”, “o público vai ouvir bem o nosso som?”. Se antes o cache da banda era comida e bebida liberada, hoje eles se preocupam em ter o cache pra alugar o equipamento necessario, transportar esse equipamento, e ter um técnico pra ligar e operar esse equipamento.
E não é só isso. Cada vez mais percebo o investimento nos instrumentos, no estudo dos seus intrumentos, no conhecimento da tecnologia envolvendo programações, efeitos, e por ae vai…
Começo a ver uma luz no fim desse túnel. Depois de muito tempo vendo shows com microfone de videoke e auto-falante automotivo, parece que essa geração nova veio realmente pra trabalhar sério e mostrar seu trabalho. Esses músicos novos e inexperientes estão dando aula de profissionalismo pra muitos artistas experientes e consagrados da cidade.